Computador - Vício


Trabalho realizado na disciplina de Computadores e Sociedade

Aluno: Jeferson Botelho do Amaral
Professor: Cláudio Rocha Lobato


1 INTRODUÇÃO

        Atualmente o uso excessivo dos computadores tem sido foco de estudos, pois tal como o álcool, as drogas ou o cigarro, está sendo tratado como vício por psicólogos e terapêutas. Os problemas estão relacionados a um aumento da tensão (stress) e de propensão a problemas cardíacos. Um fator que causa tensão crescente é a posição sentada por longas horas, observando a tela do monitor.
        Tendo de enfrentar ao longo do dia o painel do computador, o usuário se ressente da falta de contatos, da interação com outros seres humanos que lhe conferem os sentimentos de identidde, de pertencer e de auto-avaliação (indispensáveis para o equilíbrio psíquico e emocional). A diminuição da interação social pode enfraquecer a auto-imagem e, assim, provocar angústias e tensões que se refletem no funcionamento fisiológico do organismo. A evolução tecnológica tem levado a um sentimento de impotência ou perda de controle sobre o meio-ambiente, com medo pela perda do emprego, por exemplo. O aprimoramento do ser humano é um pré-requisito para que a tecnologia possa continuar a se desenvolver sem ameaçar a qualidade de vida e a segurança de toda a humanidade.
        O processo acelerado de comunicação de massa, sem qualquer base filosófica coerente, destrói toda a hierarquia de valores sociais. Isso agrava a desagregação da família, dos amigos e de toda a sociedade. Esta desagregação se deve, principalmente, à falta de consenso quanto a princípios, valores, comportamentos, interesses e objetivos de vida. Um outro sintoma decorrente deste contexto é a perda de identidade dos indivíduos. Nos Estados Unidos é muito grande o número de jovens que procuram psicólogos e psiquiatras em busca da identidade psicológica perdida.


2 VISÃO DA REALIDADE

        As pessoas são escravas das imagens que têm em sua mente. Acreditam, mesmo, que o mundo que conhecem é o mundo que existe. Dessa forma, os indivíduos agem e reagem não conforme a realidade, mas sim de acordo com a visão que têm da realidade.
        A versão da realidade de cada indivíduo depende do processo informacional a que ele foi submetido. Antigamente, este processo informacional estava relacionado ao passado de cada indivíduo, às tradições familiares e às influências culturais e religiosas do meio em que ele vivia. Na sociedade da informação, existem fatores muito mais poderosos do que a tradição familiar ou a cultura local, capazes de mudar a percepção da realidade: os princípios, os valores e comportamentos. Por exemplo, uma criança nos dias de hoje passa em média 6 horas por dia em frente à televisão e apenas 30 a 45 minutos com os pais (o computador também insere-se neste contexto). O significado imediato disto é que a manipulação das imagens mentais foge completamente ao controle paterno tradicional.
        A realidade não é menos verdadeira para os próprios pais, que após um dia de trabalho (quando não no próprio), se tornam escravos habituais de instrumentos de informatização de massa, dentre os quais se destacam a televisão e o computador. Assim, as crianças deixam de falar com os pais. Os pais, por sua vez, deixam de trocar sentimentos com os filhos, de visitar os amigos, de refletir sobre a própria vida e de trocar experiências e informações entre os componentes da família. Com o avanço tecnológico (meios de comunicação de massa), é possível, como nunca antes na história da humanidade, manipular as verdades sociais que regem o comportamento e a organização social, provocando uma verdadeira poluição mental.
        Existe uma forte relação entre o que se pensa e se fala; entre o que se fala e se faz; entre o que se faz e o que se consegue; entre o que é conseguido na vida e a própria auto-realização ou profunda frustração. Mas o primeiro degrau desta escada é o que se pensa. O pensamento é uma borboleta que parece ter piloto próprio. E às vezes, ao ficarmos sentados numa varanda admirando o pôr-do-sol, o pensamento, sem consulta prévia, vai ao passado, vai ao futuro, assenta no brejo ou numa flor. BUDA dizia que o maior desafio da vida era controlar a mente, caso contrário toda a vida estaria fora de controle. O homem não resiste por muito tempo à realidade. Por isto mesmo, precisa alimentar algumas fantasias. Entretanto, muitas vezes, ao transpor estas fantasias do mundo das idéias para a prática da vida, acaba por piorar ainda mais a sua própria realidade.
        O importante não é o que é feito ou que se deixa de fazer, mas sim o quanto isto leva a um estado maior de realização e harmonia interior, ou a conflitos entre o mundo interior e o exterior. "Homem, conhece a ti mesmo e conhecerás o universo". Os meios de comunicação de massa, de forma quase que inconsciente, retiraram da mente a autoria das próprias fantasias. A humanidade está cada vez mais permitindo que o inconsciente social seja manipulado, sem qualquer base coerente de princípios, valores e filosofia de vida mais construtiva.


3 COMPUTADOR PODE CAUSAR STRESS

        Qualquer um que use regularmente um computador sabe o quão valiosas podem ser estas máquinas do século XX. E, qualquer um que teve que esperar pela resposta de um serviço da Internet, que tenha recebido uma mensagem dizendo "mailbox full", que tenha enfrentado problemas com seu winchester, ou mesmo ficado horas tentando configurar seu computador em casa, conhece o lado escuro desta moderna e maravilhosa tecnologia. Sim, trabalhar com computadores às vezes pode ser estressante. Achar uma forma de acabar com o stress causado pelos computadores é realmente bastante semelhante a qualquer outro tipo de stress que enfrentamos na vida.
        Muitos problemas que causam stress podem ser evitados. Realizar cópia freqüente dos dados, deixar as crianças longe do computador, procurar não usar o computador em tempo de chuva. Pequenos detalhes que podem evitar muita dor de cabeça.
        O vício no uso do computador pode levar a certa impaciência, o usuário começa a não suportar mais aquela demora numa conexão à Internet, ou mesmo é dominado pelo nervosismo quando acontece um bug em determinado programa. Sintomas incontestáveis de vício, que podem levar a situações de stress.


4 QUANDO O USO VIRA VÍCIO

        Quando se fica muito tempo em frente ao monitor sem perceber, dar-se conta, do tempo transcorrido, é sinal evidente de vício. Quando as refeições passam a ser feitas concomitantemente ao uso do computador, sofre-se de um apego extremo a um mau hábito, algo que foge ao controle, que parece ser mais forte do que a própria razão. O viciado muitas vezes sabe que seu comportamento é anormal, mas a doença lhe domina.
        É indiscutível a popularidade da Internet, e de tudo o que gira em torno dela, nos dias de hoje. Praticamente, da criança ao adulto há um desejo e curiosidade constante de explorar todo o fascínio que a "rede" tem representado. Conseqüentemente, a Internet tem sido, assim como jogos, a principal causa do vício pelo computador. As pessoas acabam esquecendo inclusive do significado da palavra vício, pois vangloriam-se "sou viciado em computador". O termo "viciado" tem denotado qualidades, quando no fundo representa um defeito.
        Psicólogos do mundo inteiro têm, cada vez mais, dado importância às causas e conseqüências do vício por computadores, e a Internet tem sido a sua maior fonte de estudos. Os viciados em navegação na Internet estariam, na verdade, procurando espaços sociais e sexuais em suas vidas, em vez de buscarem informações, segundo um estudo divulgado em Chicago, pela Comissão Americana de Psicologia. "Os usuários patológicos da Internet querem amparo social, plenitude sexual e formar uma personalidade", diz a psicóloga e professora da Universidade de Pittsburgh, Kimberly Young. As descobertas estão baseadas em pesquisa feita, na própria Internet, com 396 usuários pelo mundo. A pesquisa os classificou como dependentes da Internet. Entre os pesquisados, homens eram maioria; metade eram estudantes ou pessoas que trabalham em casa, sem renda fixa; apenas 8% dos entrevistados têm emprego. A maioria quer jogos eróticos como forma de sexo seguro. No Cyberspace, tímidos viram expansivos, assexuado transforma-se em furacão, inseguro adquire confiança e até um eremita passa a ser um arregimentador de amigos.


5 CONCLUSÃO

        O vício por computador não é diferente de outros tipos como drogas ou álcool. A dependência pode ultrapassar os limites psicológicos, podendo tornar-se física. Há casos em que o indivíduo tem todo o seu relógio biológico alterado. A perda da identidade psicológica é bastante freqüente, levando a estados de inconsciência, a pessoa ignora que ignora. O maior desafio passa a ser a própria identificação de viciado, de que o uso exagerado e incontrolado do computador está sendo prejudicial. Outro fato a observar é que às vezes outros tipos de disfunções, como desequilíbrio mental, podem levar ao vício.
        Enquanto o homem não se der por conta que o seu interior é mais importante do que as imagens externas, ele continuará a ser dominado por seus próprios defeitos, ou mesmo não saberá como eliminá-los da sua vida. O computador como um vício representa mais um destes defeitos, com os quais o homem inconsciente se vê indefeso e incapaz de enfrentar. É preciso dar-se conta destes fatos, e tudo começa por uma constante auto-avaliação interior em busca de defeitos a serem corrigidos.


6 BIBLIOGRAFIA

        RATTNER, H. "Informática e Sociedade". Editora Brasiliense. 1985.

        SILVA, L. N. "Os novos rumos da sociedade da informação". Editora Record. 1989.

        Páginas na Internet:

      Internet Addiction Survey - http://www.stresscure.com/hrn/addiction.html

      Internet Addiction Association - http://www.geocities.com/SiliconValley/3010/

      Internet Addiction Disorder - http://www2.nano.no/~tomho/iad.html

      Interneters Anonymous - http://www.itw.com/~rscott/ia.html

      Internet Addiction - http://www.tripod.com/~online/addict.html

      Cyber Windows - http://web20.mindlink.net/htc/4_1.html

      Webaholics are Not Alone - http://www.chicago.tribune.com/news/webaholi/joke.htm

      Center for Online Addiction - http://www.pitt.edu/~ksy/

      Why some people can´t stay offline - http://www.abcnews.com/sections/newsuse/net0815/index.html

      It's Official: Net Abusers Are Pathological - http://techweb.com/wire/news/aug/0813addict.html

      True Confessions or Life after Internet Addiction - http://www.chaos.com/netteach/Confess.html


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